O telefonema costuma chegar quando a água já está a subir no chão da casa de banho. Nessa pressa, é fácil escolher um canalizador “porque alguém disse que era barato” e só mais tarde perceber que os erros de instalação ficam para viver consigo: humidade a aparecer, cheiros a voltar, pressão a oscilar, ruídos que nunca existiam.
O erro clássico ao contratar canalizadores não é pedir um desconto. É contratar pelo preço e pela disponibilidade, sem confirmar o essencial - e depois pagar duas vezes: uma pela intervenção, outra pela correção.
A parte mais ingrata é esta: no momento, parece tudo resolvido. A torneira deixa de pingar, o autoclismo cala-se, o sifão pára de verter. Duas semanas depois, a casa começa a “falar” outra vez.
O erro clássico: comprar “mão” em vez de comprar diagnóstico
Um bom trabalho de canalização começa antes da chave inglesa. Começa com perguntas. Onde está a fuga? Acontece sempre ou só quando alguém toma banho? A parede ficou húmida ou é o móvel? Que material é a tubagem?
Quando um canalizador entra, olha, e em cinco minutos diz “isto é fácil” sem abrir uma tampa de inspeção, sem testar pressão, sem ver o escoamento e sem explicar o porquê, está a vender rapidez. E rapidez, em canalização, é muitas vezes o nome simpático de um remendo.
O diagnóstico não é teatro. É a diferença entre resolver a causa e disfarçar o sintoma.
“O barato não é o canalizador. O barato é o diagnóstico que não foi feito - e que vai voltar em forma de reparação.”
Porque é que isto cria erros de instalação (mesmo em obras pequenas)
Há uma ideia confortável de que “trocar uma peça” é sempre simples. Só que a instalação de uma peça interage com o resto: juntas, inclinações, materiais, pressões, dilatações, ventilação do esgoto. Um ajuste mal feito num ponto pode pôr o sistema inteiro a trabalhar fora do normal.
Os erros de instalação mais comuns não parecem erros na hora. Parecem “funcionar”. Só que funcionam com margem curta, e a margem curta acaba quando a casa é usada a sério: banhos seguidos, máquina de lavar, uma descarga mais forte, um inverno húmido.
Alguns exemplos que aparecem vezes demais:
- Inclinação errada no escoamento: a água passa, mas os resíduos ficam. Depois vêm os entupimentos “misteriosos”.
- Juntas mal compatibilizadas (PVC com peças “adaptadas”, vedantes errados): não pinga logo, pinga com o tempo.
- Falta de ventilação ou sifonagem mal feita: cheiros a esgoto e borbulhar no lavatório.
- Aperto excessivo em flexíveis e conexões: a peça não falha no dia, falha no mês.
- Materiais de baixa qualidade escolhidos para “aguentar até à próxima”: a próxima chega depressa.
A assinatura destes erros é sempre parecida: recorrência. O mesmo problema volta com outro nome.
O teste simples: o que um bom canalizador pergunta e explica
Há um pequeno sinal de profissionalismo que poupa dinheiro: a forma como a pessoa fala do trabalho. Não precisa de ser um discurso técnico, mas precisa de ter lógica.
Antes de aceitar, procure isto:
- Explica duas opções (por exemplo, reparação vs substituição) e as consequências de cada uma.
- Diz o que vai fazer passo a passo e onde pode surgir imprevisto.
- Identifica o ponto de corte de água e testa sem “achar”.
- Confirma materiais e medidas antes de montar (e não depois de forçar).
- No fim, faz um teste: abre várias torneiras, descarrega, observa, e espera um pouco.
Se tudo for vago - “deixe estar, isso é normal” - é aí que começa a conta invisível.
Como contratar sem cair na armadilha do “já agora, resolve-se”
A pressa é real. Ninguém quer comparar orçamentos com a água a escorrer. Mas há perguntas que cabem num minuto e mudam o resultado.
Peça estas três coisas, sem rodeios:
- Orçamento por escrito (mesmo que seja por mensagem) com o que está incluído e o que fica de fora.
- Garantia do serviço: quanto tempo, e o que cobre (mão de obra? materiais? deslocação se voltar a falhar?).
- Identificação do material que vai ser usado (marca ou, pelo menos, especificação) - especialmente em flexíveis, válvulas, sifões e ligações.
E há um detalhe que quase ninguém pede, mas devia: fotos do antes e do depois, quando há abertura de parede ou intervenção em zonas escondidas. Não é desconfiança; é memória. Da próxima vez, poupa horas.
Pequenas bandeiras vermelhas que costumam dar mau resultado
Nem tudo é “scam”. Às vezes é só mau hábito, falta de tempo, ou trabalho feito em modo automático. Mesmo assim, o resultado para si é o mesmo.
Fique atento se acontecer uma combinação destas situações:
- O preço é dado sem ver nada, “é sempre igual”.
- A solução proposta é sempre a mesma, independentemente do problema (“metemos silicone e fica”).
- Há recusa em testar no fim porque “já se vê que está”.
- A conversa foge da responsabilidade (“isso é do prédio”, “isso é da água”, “isso é do azar”).
- Os materiais chegam sem embalagem, sem referência, sem explicação.
A canalização é invisível quando está bem feita. Quando está mal feita, a casa inteira se lembra.
| Ponto-chave | O que fazer | Porque importa |
|---|---|---|
| Diagnóstico primeiro | Exigir explicação e teste | Evita remendos e repetição |
| Orçamento claro | Escrito, com exclusões | Reduz “surpresas” na fatura |
| Materiais e garantia | Especificar e confirmar | Menos falhas e mais proteção |
FAQ:
- Como sei se os erros de instalação são do trabalho recente ou da canalização antiga? Pela recorrência e pelo padrão: se o problema começou logo após a intervenção (cheiros, pingos, lentidão no escoamento), é forte indício de montagem/ajuste. Um bom canalizador consegue isolar a zona e testar.
- É exagero pedir garantia por escrito? Não. É normal em serviços domésticos e protege ambos. Nem precisa de ser um contrato: uma mensagem com condições já ajuda.
- Se o canalizador for “recomendado”, posso dispensar estas perguntas? A recomendação reduz risco, mas não substitui diagnóstico e transparência. Mesmo bons profissionais erram quando trabalham à pressa ou sem contexto.
- Devo escolher sempre o orçamento mais alto para estar seguro? Não. Deve escolher o mais claro: escopo definido, materiais decentes, testes no fim e garantia. Preço alto sem detalhe é só outro tipo de risco.
- O que faço se o problema voltar poucos dias depois? Contacte de imediato, documente (fotos/vídeo) e peça revisão com base no que foi acordado. Quanto mais cedo, mais fácil é corrigir sem danos maiores.
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