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O erro comum em remodelações feitas às pressas

Casal discute renovação de cozinha, mostrando planos numa parede com amostras de materiais sobre a mesa.

Fazer uma renovação de casa com o relógio a contar pode parecer eficiente, mas é aí que as decisões precipitadas começam a mandar no projecto. O erro comum não é “escolher mal uma cor” - é avançar sem um plano fechado, comprando e demolindo antes de confirmar medidas, compatibilidades e prazos. Para o leitor, isto é relevante por um motivo simples: pressa custa dinheiro, tempo e, muitas vezes, qualidade de vida durante semanas.

Já vi este filme em apartamentos e moradias: a obra começa “só para adiantar”, a equipa chega, e de repente tudo depende de uma peça que ainda não foi escolhida, de um material que está esgotado, ou de uma decisão que ninguém quer assumir no meio do pó.

O erro: começar a obra sem decisões-chave fechadas

Há uma ideia tentadora de que algumas escolhas “resolvem-se no caminho”. Na prática, cada decisão em aberto vira uma paragem, uma alteração, ou uma solução improvisada que fica para sempre. Quando se avança sem mapear o que depende do quê, a remodelação torna-se uma sequência de urgências.

O problema não é só estético. Uma escolha tardia de pavimento pode mexer com alturas de portas; um móvel de cozinha comprado cedo demais pode não encaixar com a posição final das tomadas; uma torneira “linda” pode não ser compatível com a pressão ou com o furo da bancada.

Pressa numa remodelação raramente acelera o fim. Normalmente acelera os erros.

Onde isto rebenta: três pontos que parecem pequenos (e não são)

As obras não falham em grandes discursos. Falham nos detalhes que se cruzam entre si, quando já não há margem.

1) Medidas e tolerâncias “quase certas”

Medir uma divisão e encomendar materiais parece simples, até aparecerem paredes fora de esquadria, rodapés mais altos, ou um pilar que “não estava na planta”. A pressa faz com que se compre por catálogo e se confirme no local tarde demais.

  • Portas que raspam porque o pavimento subiu alguns milímetros
  • Eletrodomésticos que não ventilam por falta de folga
  • Bases de duche que não alinham com a pendente do esgoto

2) Infraestruturas decididas depois da estética

É comum escolher primeiro o que se vê (revestimentos, móveis, loiças) e deixar para depois o que faz funcionar (eletricidade, canalização, ventilação). Numa renovação apressada, isto inverte-se por acidente: “instala-se já” e decide-se “logo”.

O resultado são remendos: tomadas onde não dão jeito, iluminação insuficiente, ou tubos desviados para contornar um móvel que chegou entretanto.

3) Sequência de trabalhos fora de ordem

Quando o cronograma é “vamos andando”, o cansaço e a logística mandam. Pinta-se antes de fechar poeiras, assenta-se pavimento antes de terminar carpintarias, ou monta-se a cozinha antes de resolver a humidade.

  • Mais danos em acabamentos novos
  • Mais limpezas profundas (e mais dias de obra)
  • Mais custos “pequenos” que somam um grande valor

Um teste simples: o que tem de estar decidido antes do primeiro martelo

Se quer evitar o erro, a regra é aborrecida - e funciona. Antes de demolir, confirme as decisões que bloqueiam todo o resto. Não precisa de ter a casa “decorada” na cabeça, mas precisa de ter o esqueleto fechado.

Checklist curta (e realista):

  • Planta de alterações aprovada (mesmo que seja um esboço técnico com medidas finais)
  • Localização de pontos de água, esgotos, tomadas e iluminação
  • Seleção de pavimentos e revestimentos com espessuras confirmadas
  • Cozinha e casas de banho com medidas finais e fichas técnicas dos equipamentos
  • Prazos de entrega de materiais críticos (móveis, caixilharias, loiças, pavimentos)

Se algo disto ainda está em “logo vemos”, a obra pode avançar, mas avança para o risco.

Como a pressa vira dinheiro: o custo escondido das alterações

As pessoas subestimam o preço de mudar de ideias durante a obra porque olham só para o material. O que pesa é o que vem atrás: mão de obra repetida, deslocações, desperdício, e dias extra sem poder usar a casa.

  • Reassentar azulejo porque a torneira escolhida exige outra altura
  • Refazer sancas porque a iluminação final afinal era embutida
  • Trocar portas porque a espessura do pavimento mudou

Cada “só mais uma alteração” é uma pequena renegociação com a realidade.

O antídoto: decisões rápidas, mas numa ordem certa

Não é preciso transformar a remodelação num projecto interminável. O truque é ser rápido onde não dói e lento onde trava tudo.

Uma abordagem prática

  • Defina primeiro o que é fixo: paredes, vãos, redes (água, luz, ventilação).
  • Depois feche o que tem prazo longo: cozinha, janelas, loiças, pavimentos.
  • Só então refine o que é ajustável: cores, puxadores, candeeiros decorativos, têxteis.

Se tiver de tomar decisões sob pressão, que sejam de acabamento - não de infraestrutura.

Um sinal de alerta durante a obra: “instala-se e depois logo se vê”

Quando alguém diz isto, pare e peça duas coisas: a ficha técnica do que vai ser instalado e o impacto na sequência dos trabalhos. Muitas decisões precipitadas não são maldade; são tentativa de manter a equipa ocupada para “não perder dias”.

Por vezes, perder um dia a confirmar compatibilidades evita perder duas semanas a corrigir.

FAQ:

  • Qual é a decisão mais perigosa de deixar para depois? A posição de pontos de água e eletricidade. Mudar isto a meio costuma implicar abrir paredes, refazer acabamentos e atrasar a sequência toda.
  • Posso começar por demolir “só um bocadinho” para ganhar tempo? Pode, mas só se já tiver medidas finais e um plano claro do que vai ser reconstruído. Demolição sem projecto fechado costuma criar decisões em pânico quando aparecem surpresas.
  • O que devo comprar primeiro numa remodelação rápida? O que tem maior prazo de entrega e influencia medidas: cozinha/roupeiros por medida, caixilharias, bases de duche/banheiras específicas e certos pavimentos.
  • Como evito compras por impulso em loja? Leve sempre medidas, fotos do local e uma lista de compatibilidades (furações, alturas, ligações). Se não conseguir confirmar na hora, não compre.

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