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Top erros que só aparecem depois da primeira semana

Dois homens medem tubagens numa obra; um segura fita métrica e outro fotografa.

Um projeto de construção raramente falha no primeiro dia: falha quando já parece “encaminhado”. É aí que os erros em fase inicial começam a aparecer - não porque alguém seja incompetente, mas porque a primeira semana é uma mistura de entusiasmo, pressa e suposições. Para quem paga e para quem executa, este é o período em que pequenos atalhos viram problemas caros.

Na prática, a semana 2 é quando o estaleiro deixa de ser promessa e passa a ser rotina. E a rotina revela o que ficou por decidir, o que foi “mais ou menos combinado” e o que ninguém escreveu.

O que muda depois de 7 dias (e por isso os erros aparecem)

Nos primeiros dias há mais presença: dono de obra, encarregados, fornecedores a ligar, decisões rápidas. Depois, a obra ganha ritmo, as equipas rodam, e começa a gestão real: faltas de material, medições, compatibilizações e “já agora” que surgem tarde.

Um bom sinal não é não haver problemas - é haver um sistema para os apanhar cedo. Quando isso não existe, os erros escondem-se até ao momento em que corrigir implica partir, refazer e discutir responsabilidades.

“A primeira semana é planeamento com poeira. A segunda é poeira com consequências.”

Top erros que só aparecem depois da primeira semana

1) Medições “confirmadas” que afinal eram aproximadas

No dia 1 mede-se rápido, marca-se no chão, avança-se. Ao dia 8, chega o material (ou o subempreiteiro) e alguém percebe que faltam 2 cm… ou sobram 2 cm no sítio errado. O erro não é o centímetro: é a decisão tomada sem ponto de referência fixo e sem validação cruzada.

Como evitar sem complicar: - Definir uma cota zero e um ponto fixo (referência) logo no início. - Confirmar medidas críticas com duas pessoas (encarregado + subempreiteiro). - Fotografar marcações com fita métrica visível antes de tapar.

2) “Depois logo vemos” vira incompatibilidades entre especialidades

Na primeira semana, as especialidades ainda não se atropelaram. Na segunda, começam a ocupar o mesmo espaço: condutas com vigas, caixas de estore com isolamentos, tubagens onde afinal há armários. A incompatibilidade só aparece quando alguém chega para executar e não há espaço físico.

Alertas típicos: - Furações em elementos estruturais pedidas “à última”. - Alterações de percurso de tubagens sem desenho atualizado. - Caixas elétricas a aparecerem em zonas de água/impermeabilização.

3) Sequência errada: fechar antes de inspecionar

É um clássico silencioso. Placa de gesso fecha, betonilha tapa, impermeabilização fica por baixo - e ninguém fez a verificação mínima. Uma semana depois, já não se “vê” o trabalho, só se sente quando dá problema.

Checklist de 10 minutos antes de tapar: - Fotos gerais e de detalhe (passagens, juntas, ralos, curvas). - Teste rápido (estanqueidade/pressão quando aplicável). - Assinatura simples no diário de obra: “verificado e aprovado”.

4) Materiais “equivalentes” substituídos sem alinhamento

O fornecedor não tem stock, a equipa quer avançar, e entra “um parecido”. Na semana 2 isso começa a acumular: cola diferente, primário diferente, perfil diferente. Sozinho pode funcionar; em cadeia, compromete garantias e desempenho.

Regra prática: - Toda a substituição tem de ter confirmação por escrito (nem que seja mensagem) com a ficha técnica anexada ou link.

5) O plano de compras falha e a obra vive de urgências

Nos primeiros dias, há margem: usa-se o que já está em obra. Ao dia 7–10, as faltas aparecem e a obra entra em modo “corre”: entregas parciais, equipas à espera, decisões tomadas pelo que está disponível - não pelo que é correto.

Sinais de que o planeamento de compras está a cair: - Mais de duas paragens por semana por falta de material. - Entregas sem verificação (quantidade/estado/lote). - Compra repetida do mesmo item “porque não se sabia onde estava”.

6) Comunicação por chamadas cria versões diferentes do mesmo acordo

Na semana 1, chamadas resolvem. Na semana 2, ninguém se lembra do que ficou combinado, e cada um recorda uma coisa. O custo não é só financeiro: é desgaste, tensão e perda de confiança.

Troca simples que muda tudo: - Depois de cada chamada, enviar um resumo de 4 linhas: o que foi decidido, quem faz, quando, com que material.

7) Segurança e limpeza ficam para trás (até virarem atraso)

A primeira semana tolera “bagunça de arranque”. Depois, a desorganização começa a morder: ferramentas perdidas, cortes, escorregadelas, entulho a impedir medições e execução fina. E quando chega uma fiscalização ou visita do cliente, a perceção da obra desce a pique.

Pequeno ritual que evita o efeito bola de neve: - 15 minutos no fim do dia para recolher, varrer e separar resíduos. - Zonas marcadas: corte, armazenamento, circulação.

Um mini-ritual de 90 segundos para apanhar erros cedo

Não é glamour, é eficácia. Antes de sair da obra (ou antes da equipa fechar o dia), faça um “scan” curto como hábito.

1) Olhar para o que foi tapado hoje (ou preparado para tapar amanhã).
2) Confirmar duas medidas críticas e uma referência (nível/alinhamento).
3) Tirar 3 fotos: geral, detalhe, e uma com escala (fita métrica).

Use pressão leve na rotina, não intensidade. A consistência vence o heroísmo de corrigir depois.

O que registar para a semana 2 não virar semana 6

Um projeto de construção melhora muito quando deixa rasto. Não precisa de burocracia pesada; precisa de prova e clareza.

  • Decisões de alterações (o quê e porquê).
  • Materiais e marcas realmente aplicados (com lote quando importa).
  • Fotos antes de fechar elementos.
  • Confirmação de datas: quem entra em obra e quando.
Ponto de controlo Quando Prova rápida
Medidas críticas Antes de encomendar/instalar Foto com fita métrica
Compatibilização Antes de fechar paredes/pavimentos Esboço + fotos
Substituição de material No momento da proposta Mensagem + ficha técnica

FAQ:

  • Qual é o erro mais caro que aparece depois da primeira semana? Fechar trabalho sem verificação (impermeabilizações, redes, passagens). O custo vem de partir para ver e refazer em cadeia.
  • Como reduzir discussões sem criar burocracia? Registe decisões em mensagens curtas e tire fotos com escala. Um histórico simples evita “eu disse/tu disseste”.
  • Se já estou na semana 2, ainda vou a tempo? Sim. Faça um ponto de situação: lista de pendentes, revisão de materiais substituídos e um plano de verificações antes de tapar o que falta. Consistência a partir de agora recupera controlo rápido.

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