Saltar para o conteúdo

Top sinais de que estás a falar com a pessoa errada

Homens em coletes refletores analisam plantas e discutem detalhes numa obra, usando um telemóvel e a tomar notas.

Há conversas que começam com leveza e acabam a deixar um peso no peito. Para um operário, isto aparece muitas vezes no trabalho: fala-se com alguém para “alinhavar” tarefas e, afinal, o atrito é constante - às vezes por pura incompatibilidade de funções. Perceber cedo estes sinais poupa tempo, conflitos e aquela sensação de estar sempre a explicar o óbvio.

Não é sobre culpar pessoas nem criar dramas. É sobre reconhecer padrões que, repetidos, mostram que estás a tentar construir entendimento onde não há base suficiente.

O que estás a tentar resolver - e porquê isso importa

Antes de apontares o dedo ao “outro”, confirma se a conversa é sobre a mesma coisa. Em muitos ambientes, especialmente em obra e equipas operacionais, um mal-entendido pequeno vira atraso, retrabalho e stress desnecessário. Quando a comunicação falha de forma crónica, raramente é só “mau humor”: costuma ser desalinhamento de expectativas, autoridade ou responsabilidade.

Um bom indicador é este: a conversa produz clareza e próxima ação, ou produz ruído e ressentimento?

Top sinais de que estás a falar com a pessoa errada

1) A pessoa não tem poder para decidir (mas finge que tem)

Pedes aprovação, confirmação ou uma escolha simples e recebes frases vagas: “logo vemos”, “depois falamos”, “acho que sim”. No fim, alguém “por cima” decide o contrário e tu ficas no meio. Isso é desgaste puro.

Se a decisão não está ali, a conversa deve ser de recolha de informação - não de compromisso.

2) A conversa volta sempre ao ponto zero

Explicas hoje, voltas a explicar amanhã, e na semana seguinte estão a pedir-te a mesma coisa como se nada tivesse sido dito. Não é uma falha pontual de memória; é um sinal de que a informação não está a ser registada, ou não é considerada importante.

Em contexto de equipa, isto costuma aparecer como: “Mas tu não avisaste.” E tu avisaste.

3) O foco é culpar, não resolver

Mal surge um problema, a pergunta não é “o que falta?” - é “de quem é a culpa?”. A conversa vira tribunal, e tu ficas a justificar-te em vez de alinhar passos. Isso mata a produtividade e cria medo de falar cedo.

Pior: quando tentas trazer soluções, a pessoa interpreta como ataque.

4) Há “telefone estragado” constante entre funções

Quando existe incompatibilidade de funções, a pessoa com quem falas não vê o impacto real do que pede. Um exemplo típico: quem planeia pede “só mais uma alteração”, mas quem executa sabe que isso implica desmontar, esperar material, atrasar outras frentes.

Se a conversa ignora o terreno e vive de teoria, estás a falar com o ponto errado do sistema.

5) Tudo é urgente - e nada tem critérios

Se tudo é “para ontem”, então nada é prioridade. A pessoa não te dá contexto, não define o que é crítico, e muda o que quer a meio. No final, és tu que pagas em horas, erros e cabeça cheia.

Urgência sem critérios é só ansiedade passada para a tua agenda.

6) Sais da conversa mais confuso do que entraste

Um bom contacto deixa-te com uma próxima ação clara. Uma pessoa errada deixa-te com névoa: “Então é para fazer… ou esperar?”, “É este padrão… ou afinal é outro?”. Se isto acontece repetidamente, o problema não és tu ser “lento”; é a comunicação ser inconsistente.

7) O combinado muda sem aviso (e ainda te cobram)

Houve acordo, mas depois dizem: “Sempre foi assim.” Mudanças acontecem, claro - mas precisam de ser ditas, justificadas e registadas. Quando a pessoa reescreve a história, tu perdes confiança e comes erros que não são teus.

8) A pessoa usa intermediários para te dizer o que quer

Em vez de falar contigo diretamente, manda recados por terceiros. Chega-te uma mensagem torta, incompleta, e quando pedes clarificação, dizem que “já está explicado”. Isto é um sinal de que o canal está errado - ou de que existe evitamento.

Em equipas rápidas, isto cria uma cadeia perfeita para falhas.

Como redirecionar sem criar conflito

Não precisas de “ganhar” a conversa. Precisas de a encaminhar para quem decide, para quem sabe, ou para um formato que feche pontas soltas. Experimenta estas manobras simples:

  • Pergunta de autoridade: “Quem confirma isto no fim, para eu seguir sem voltar atrás?”
  • Pergunta de critério: “O que é mais importante aqui: prazo, custo ou qualidade? Qual é o mínimo aceitável?”
  • Fecho por escrito: “Só para confirmar: fica A hoje, B amanhã, e o material é X, certo?”
  • Troca de canal: se ao vivo vira ruído, pede 5 minutos com desenho/fotos/medidas no telemóvel.
  • Escalada limpa: “Para não haver mal-entendidos, vou validar com [responsável] e já volto.”

O objetivo não é expor ninguém. É proteger o trabalho e o resultado.

Um teste rápido: sinais no corpo e no calendário

Às vezes o melhor indicador não é a frase - é o efeito. Repara nestes dois:

  • No corpo: tensão nos ombros, respiração curta, irritação antes de ligar ou ir falar com a pessoa.
  • No calendário: tarefas que repetem, retrabalho, esperas sem fim, “apagões” de decisão.

Se o padrão se repete, não é azar. É estrutura.

Para fechar: fala com o ponto certo do sistema

Há pessoas ótimas, só que fora do lugar certo para aquela conversa. Quando apanhas o contacto adequado - quem tem contexto, responsabilidade e margem de decisão - a comunicação fica simples: menos emoção, mais clareza, menos “ruído”, mais ação.

Se hoje estás sempre a empurrar uma porta que não abre, talvez não seja falta de força. Talvez seja a porta errada.

Comentários (0)

Ainda não há comentários. Seja o primeiro!

Deixar um comentário